QUEM SOMOS e ao que vimos


Quem somos e ao que vimos 

Somos um grupo de professores que pugnam por uma educação de qualidade nas nossas escolas e que entendem que esta pretensão se encontra bloqueada sem remédio enquanto não houver uma mudança de fundo nas políticas educativas em Portugal.
Surgimos à luz do dia num momento em que está em curso um novo ataque, de proporções nunca vistas, aos professores e à educação pública. Depois do despedimento em massa dos professores contratados, pretende-se agora despedir também em massa os professores do quadro, tornando as condições de trabalho dos que vão sobrevivendo num verdadeiro inferno e apresentando-se como uma inevitabilidade a entrega da gestão da escola pública a grandes grupos económicos privados. É esta a hora em que os professores se têm de unir de novo para dizer “basta!” e não recuar perante a evidência de que um governo que tanto mal faz à educação pública tem de ser urgentemente derrubado.
Ao colocar-se a questão da substituição do actual governo, tem de clarificar-se o sentido e o conteúdo das mudanças a operar nas políticas e na organização do sistema educativo. Neste ponto, consideramos que essas mudanças têm como pressuposto a revogação de quase toda a legislação em matéria de educação produzida desde a governação da dupla Sócrates/Lurdes Rodrigues até hoje. Esta consideração não significa, longe disso, uma concordância com tudo o que existia antes de se iniciar, há cerca de sete anos, a presente vaga de ataques à profissão docente e à educação pública. Significa sim a convicção de que as mudanças que se impõem na área educativa deverão desenvolver-se num sentido diametralmente oposto ao que tem vindo a ser seguido.
Entendemos assim que é uma ilusão querer construir seja o que for de bom na educação pública sobre o edifício podre e carcomido que hoje temos. Somos sensíveis ao argumento de que esse edifício tem os seus alicerces mais recentes na chamada reforma Roberto Carneiro, a qual tinha (e tem) como eixo central a empresarialização das escolas e a liberalização económica da actividade educativa. Propomo-nos por isso revisitar e renovar os debates sobre a educação pública que se seguiram ao 25 de Abril de 1974, os que acompanharam aquela reforma e os que lhe sucederam no virar do milénio.
No tempo actual, é urgente cavar trincheiras para impedir que novos ataques à escola pública e à dignidade da profissão docente sejam concretizados. Mas, ao fazê-lo, não devemos perder de vista a necessidade de pôr de pé um amplo programa de mudanças na educação pública em Portugal. Com este blogue propomo-nos promover um amplo debate sobre os temas e as propostas mais importantes que hão-de integrar esse programa de mudanças. Contamos com todos – autores, comentadores, leitores – para que este objectivo seja alcançado.

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